época: "A capelinha branca era muito exígua para conter todos quantos queriam bem
ao Sinhô, tudo gente simples, malandros, soldados, marinheiros, donas de rendez-
vous, meretrizes, chauffeurs, macumbeiros (lá estava o velho Oxumã da Praça Onze,
um preto de dois metros de altura com uma belida num olho), todos os sambistas de
fama, os pretinhos dos choros dos botequins das ruas Júlio do Carmo e Benedito
Hipólito, mulheres dos morros, baianas de tabuleiro, vendedores de modinhas. As
flores estão num botequim em frente, prolongamento da câmara-ardente" (Bandeira,
1937a: 110). [Voltar]
NOTA 10 DO CAPÍTULO 7: O sambista e pesquisador Nei Lopes, um dos mais
contundentes defensores da “autenticidade" do samba contra qualquer ameaça de
"comercialismo" ou "imperialismo", assim resume a história desse gênero musical:
"Traçando a linha evolutiva que vem do batuque de Angola e do Congo até o partido-
alto, vamos encontrar: a) primeiro, o lundu bailado, dando origem ao lundu puramente
canção dos salões imperiais, aos sambas rurais da Bahia e de São Paulo, a um lundu
campestre ainda dançado, e a outras manifestações; b) depois, todas essas
expressões (com a chula do samba baiano ganhando status de manifestação
autônoma) confluindo para o que chamaremos de samba da 'Pequena África da Praça
Onze', onde o núcleo irradiador foi a casa de Tia Ciata; c) depois ainda, o samba
amaxixado da 'Pequena África', dando origem ao samba de morro; d) finalmente, esse
samba de morro se dicotomizando em samba urbano (a partir do Estácio), próprio
para ser dançado e cantado em cortejo, e em partido-alto, próprio para ser cantado
em roda" (Lopes, 1992: 47). [Voltar]
NOTA 11 DO CAPÍTULO 7: Em entrevista recente, Paulinho da Viola voltou a
condenar as transformações pelas quais o samba está passando: "O ritmo do samba
ficou comprometido nessa coisa que se chama 'suingue'. Antes, todos tocavam em
função de todos. Agora cada ritmista faz o seu solo. Isso compromete o verdadeiro
ritmo do samba. No meu modo de ver, a coisa está empobrecida. Eu me surpreendo
com a multiplicação dos artistas populares, mas já não é mais possível falar de samba
como uma música fechada no tempo. Até há pouco existia a comunidade do samba.
Agora não tem mais. Existe uma corrente jovem, que tenta fazer coisas diferentes.
Os tempos já são outros" (O Globo, Segundo Caderno, p. 1, 10/10/1993). [Voltar]
CAPÍTULO 8: LUGAR NENHUM
NOTA 1 DO CAPÍTULO 8: Na verdade, foi uma invenção coletiva, na qual
colaboraram muitos artistas, incluindo, por exemplo, o compositor Dorival Caymmi,
que ensinou a coreografia baiana a Carmen Miranda (ver Risério, 1993: 31). [Voltar]
NOTA 2 DO CAPÍTULO 8: Que depois foi “oficializada" como o traje típico da
"Miss Brasil" em concursos de beleza internacionais. [Voltar]
NOTA 3 DO CAPÍTULO 8: Em momento algum pretendo utilizar as idéias
citadas a partir de agora como se fossem exemplos de uma tendência geral ou
majoritária dentro do debate cultural brasileiro. São apenas idéias de determinados
grupos. Mesmo assim, o fato de elas terem sido divulgadas, em larga escala e em
muitas ocasiões, mostra que não são idiossincráticas, mas parte importante desse
debate. [Voltar]
NOTA 4 DO CAPÍTULO 8: Grupos de rock compostos por brasileiros atuam no
país desde meados dos anos 50, tendo inclusive alcançado grande sucesso comercial
nos anos 60, com a chamada Jovem Guarda de Roberto e Erasmo Carlos. Mas o
rótulo "rock brasileiro" só se popularizou nos anos 80. [Voltar]
NOTA 5 DO CAPÍTULO 8: Nessa mesma entrevista, Gil falou sobre os "efeitos"
do rock na sociedade brasileira: "Você pode dizer: não, mas é terrível, acaba com a
música brasileira, acaba com a cultura brasileira, acaba com a alma brasileira, acaba