Título: Olho, órbita e bulbo do olho
Autor: Keith
L. Moore, Arthur F. Dalley, Anne M.R. Agur.
Estre material foi adaptado pelo
Laboratório de Acessibilidade da Universidade Federal do Rio Grande do Norte,
em conformidade com a Lei 9.610 de 19/02/1998, não podendo ser reproduzido,
modificado e utilizado com fins comerciais.
Adaptado por: Andressa Raniely.
Imagens descritas por: Eduardo
Nascimento e Benjamin Soares.
Adaptado em: Agosto
de 2022.
Padrão vigente a partir de março de
2022.
Referência:
MOORE, Keith L; DALLEY, Arthur F; AGUR, Anne. M. R. Olho, órbita, região orbital
e bulbo do olho. In: MOORE, Keith L; DALLEY, Arthur F; AGUR, Anne M.R. Moore Anatomia orientada para a clínica. 7.
ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2014. p. 1065-1088.
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O olho é o órgão da visão, formado
pelo bulbo do olho e pelo nervo óptico. A órbita contém o bulbo do olho e as
estruturas acessórias da visão. A região orbital é a área da face sobre a
órbita e o bulbo do olho que inclui as pálpebras superior e inferior, além do
aparelho lacrimal.
As órbitas são cavidades
ósseas no esqueleto da face que se assemelham a pirâmides quadrangulares ocas,
cujas bases estão voltadas na direção anterolateral e os ápices, na direção posteromedial (Figura 7.44A). As paredes mediais das duas
órbitas, separadas pelos seios etmoidais e pelas partes superiores da cavidade
nasal, são quase paralelas, enquanto as paredes laterais formam um ângulo quase
reto (90°).
Assim, os eixos
das órbitas (eixos orbitais)
divergem em cerca de 45°. No entanto, os eixos
ópticos (eixos do olhar, a direção ou linha de visão) dos dois bulbos
dos olhos são paralelos, e na posição anatômica estão voltados para frente,
quando os bulbos estão na posição
primária. As órbitas e a região da órbita anterior a elas contêm e
protegem os bulbos dos olhos e as estruturas acessórias da visão (Figura
7.45), que são:
Figura 7.44 Órbitas e posição dos
bulbos dos olhos em seu interior. A. Observe a
disposição das órbitas em relação uma à outra e aos eixos ópticos (linha do
olhar). As órbitas são separadas por células etmoidais e pela cavidade nasal
superior e septo nasal. B. Paredes ósseas da órbita. Esta vista
anterolateral mostra a órbita e o ápice, situados no plano sagital, e não bem
observados em uma vista anterior.
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Figura 7.45 Órbita, bulbo do olho e
pálpebras. A. Corte sagital da órbita mostra seu
conteúdo. Detalhe, corte
transversal do nervo óptico (NC II). O espaço subaracnóideo ao redor do nervo
óptico é contínuo com o espaço entre a aracnoide-máter
e a pia-máter que revestem o encéfalo. Os números referem-se às estruturas
identificadas na parte B. B. Exame de RM mostra um corte sagital
semelhante a A. M = seio maxilar; S =
veia oftálmica superior; arco =
canal óptico. C. Detalhe da pálpebra superior. O tarso forma o esqueleto
da pálpebra e contém glândulas tarsais. (A parte B
é cortesia do Dr. W. Kucharczyk, Professor and Neuroradiologist Senior Scientist, Department of Medical Imaging, University Health
Network. Toronto, Ontario, Canada.)
•
Fáscia orbital circundando os bulbos dos olhos e os músculos
•
Túnica mucosa (conjuntiva) que reveste as pálpebras e a face anterior dos bulbos dos olhos e
a maior parte do aparelho lacrimal,
que a lubrifica.
Todo espaço dentro das órbitas não
ocupado por essas estruturas é preenchido pelo corpo adiposo da órbita; assim,
forma a matriz na qual estão inseridas as estruturas da órbita. A órbita piramidal
quadrangular tem uma base, quatro paredes e um ápice (Figura 7.44B):
A base da órbita é
delimitada pela margem orbital que circunda o ádito orbital. O osso que forma a margem
orbital é reforçado para proporcionar proteção ao conteúdo da órbita e oferece
fixação para o septo orbital,
uma membrana fibrosa que se estende até as pálpebras
•
A parede superior (teto) é quase horizontal e é formada
principalmente pela parte orbital do
frontal, que separa a cavidade orbital da fossa anterior do crânio.
Perto do ápice da órbita, a parede superior é formada pela asa menor do esfenoide. Na parte
anterolateral, uma depressão superficial na parte orbital do frontal,
denominada fossa da glândula
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lacrimal (fossa lacrimal), acomoda a glândula lacrimal
• As paredes mediais das órbitas
contralaterais são quase paralelas e são formadas principalmente pela lâmina
orbital do etmoide, juntamente com contribuições do processo frontal da maxila lacrimal e esfenoide. Anteriormente, a parede medial é entalhada pelo sulco
lacrimal e pela fossa do saco lacrimal; a tróclea para o tendão de um
dos músculos extrínsecos do bulbo do olho está localizada superiormente. Grande
parte do osso que forma a parede medial é fina como papel; o etmoide é muito pneumatizado com células etmoidais, amiúde visíveis através
do osso no crânio seco
•
A parede inferior (assoalho da órbita) é formada principalmente
pela maxila e, em parte, pelo
zigomático e pelo palatino. A parede inferior fina é compartilhada pela órbita
e pelo seio maxilar. Inclina-se inferiormente desde o ápice até a margem
orbital inferior. A parede inferior é demarcada da parede lateral da órbita
pela fissura orbital inferior, um espaço entre as faces orbitais da
maxila e do esfenoide
•
A parede lateral é formada pelo processo frontal do zigomático
e pela asa maior do esfenoide.
Esta é a parede mais forte e mais espessa, o que é importante porque é mais
exposta e vulnerável ao traumatismo direto. A parte posterior separa a órbita
do temporal e da fossa média do crânio. As paredes laterais das órbitas
contralaterais são quase perpendiculares entre si
• O ápice da órbita situa-se no canal
óptico na asa menor do esfenoide
imediatamente medial à fissura orbital
superior.
A parte mais larga da órbita
corresponde ao equador do bulbo do olho (Figura 7.45A), uma linha imaginária
que circunda o bulbo do olho equidistante de seus polos anterior e posterior.
Os ossos que formam a órbita são revestidos pela periórbita, o periósteo
da órbita. A periórbita é contínua:
• No canal óptico e na fissura orbital
superior com a lâmina periosteal da dura-máter
• Sobre as margens orbitais e através da
fissura orbital inferior, com o periósteo cobrindo a face externa do crânio
(pericrânio)
• Com os septos orbitais nas margens
orbitais
• Com a fáscia dos músculos extrínsecos
do bulbo do olho
• Com a fáscia da órbita que forma a bainha fascial do
bulbo do olho. Pálpebras e aparelho lacrimal As pálpebras e o
líquido lacrimal, secretado pelas glândulas lacrimais, protegem a córnea e o
bulbo do olho contra lesão e irritação (p. ex., por poeira e pequenas
partículas).
Quando fechadas, as pálpebras cobrem
o bulbo do olho anteriormente, protegendo-o contra lesão e contra a luz
excessiva. Também mantêm a córnea úmida por espalhamento do líquido lacrimal.
As pálpebras são pregas móveis cobertas externamente por pele fina e internamente
por túnica mucosa transparente, a túnica conjuntiva da pálpebra (Figura
7.45A e C). Essa parte da conjuntiva é refletida sobre o bulbo do olho, onde é
contínua com a túnica conjuntiva do bulbo. Essa parte da conjuntiva é
fina e transparente, com fixação frouxa à face anterior do bulbo do olho. A
túnica conjuntiva do bulbo, frouxa e enrugada sobre a esclera (onde contém
pequenos vasos sanguíneos visíveis), está aderida à periferia da córnea (Figura
7.46B). As linhas de reflexão da túnica conjuntiva da pálpebra sobre o bulbo do
olho formam recessos profundos, os fórnices superior e inferior da
conjuntiva (Figuras 7.45A e 7.46).
O saco da conjuntiva é o espaço
limitado pelas túnicas conjuntivas da pálpebra e do bulbo; é um espaço fechado
quando as pálpebras estão fechadas, mas se abre através de uma abertura
anterior, a rima das pálpebras,
quando o olho é “aberto” (as pálpebras são afastadas) (Figura 7.45A). O saco da
conjuntiva é uma forma especializada de “bolsa” mucosa que permite a livre
movimentação das pálpebras sobre a superfície do bulbo do olho enquanto se
abrem e se fecham.
As pálpebras superior e inferior são
fortalecidas por densas faixas de tecido conectivo, os tarsos superior e
inferior, que formam o “esqueleto” das pálpebras (Figuras 7.45C e
7.47A). As fibras da parte palpebral do músculo
orbicular do olho (o esfíncter da rima das pálpebras) estão no tecido
conectivo superficial aos tarsos e profundamente à pele das pálpebras (Figura
7.45C). Nos tarsos estão inseridas as glândulas tarsais,
que produzem uma secreção lipídica que lubrifica as margens das pálpebras e
impede a sua adesão quando se fecham. A secreção lipídica também forma uma
barreira que o líquido lacrimal não cruza quando produzido em volume normal.
Quando a produção é excessiva, ele ultrapassa a barreira e desce sobre as
bochechas como lágrimas.
• Os cílios estão nas margens das
pálpebras. As grandes glândulas sebáceas associadas aos cílios são as glândulas
ciliares. As junções das pálpebras superior e inferior formam as comissuras
medial e lateral das pálpebras, que definem os ângulos
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Figura 7.46 Aparelho lacrimal e parte anterior do bulbo do
olho. A. Componentes
do aparelho lacrimal, pelo qual as lágrimas fluem da face superolateral do saco
conjuntival (linhas tracejadas)
até a cavidade nasal. B. Os elementos superficiais do olho. A túnica
fibrosa externa do bulbo do olho inclui a esclera branca e resistente e a
córnea transparente central, através da qual se pode ver a íris pigmentada com
sua abertura, a pupila. A pálpebra inferior foi evertida para mostrar a
reflexão da conjuntiva da face anterior do bulbo do olho para a face interna da
pálpebra. A prega semilunar é uma prega vertical de conjuntiva perto do ângulo
medial, na carúncula lacrimal.
Entre o nariz e o ângulo medial do olho está o ligamento
palpebral medial, que une os tarsos à margem medial da órbita (Figura
7.47A). O músculo orbicular do olho se origina e se insere nesse ligamento. Um ligamento
palpebral lateral semelhante fixa o tarso à margem lateral da órbita, mas
não garante fixação muscular direta.
O septo orbital é uma membrana fibrosa que se
estende dos tarsos até as margens da órbita, onde se torna contínuo com o
periósteo (Figuras 7.45A e 7.47A). Contém o corpo adiposo da órbita e, em razão
de sua continuidade com a periórbita, consegue limitar a disseminação de
infecção para a órbita e desta para outros locais. O septo constitui em grande
parte a fáscia posterior do músculo orbicular do olho.
APARELHO LACRIMAL
O aparelho lacrimal (Figuras 7.46A e 7.47B) consiste em:
dissolvido; quando produzido em excesso, o líquido forma lágrimas
•
Glândula
lacrimal: secreta
líquido lacrimal, uma solução salina fisiológica aquosa que contém a
enzima bactericida lisozima. O líquido umidifica e lubrifica as superfícies da
conjuntiva e córnea e fornece à córnea alguns nutrientes e oxigênio
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Figura 7.47 Esqueleto das pálpebras e
acesso anterior à órbita. A. Tarsos superior e inferior e suas
fixações. As margens ciliares são livres, mas estão fixadas na periferia ao
septo orbital (fáscia palpebral). B. Nesta dissecção da órbita, foram
removidas as pálpebras, o septo orbital, o músculo levantador da pálpebra
superior e parte da gordura. Parte da glândula lacrimal é vista entre a parede
orbital óssea lateralmente e o bulbo do olho e o músculo reto lateral
medialmente. Na parte medial são observadas as estruturas que recebem drenagem
lacrimal do saco conjuntival.
•
Dúctulos excretores da glândula
lacrimal: conduzem líquido lacrimal das glândulas lacrimais para o saco da
conjuntiva (Figura 7.46A)
•
Canalículos lacrimais: começam em um ponto lacrimal na papila
lacrimal perto do ângulo medial do olho e drenam líquido lacrimal do lago
lacrimal (L. lacus lacrimalis;
um espaço triangular no ângulo medial do olho, onde se acumulam as lágrimas)
para o saco lacrimal (a parte superior dilatada do ducto lacrimonasal) (Figuras 7.46A e 7.47B)
•
Ducto lacrimonasal: conduz o líquido
lacrimal para o meato nasal inferior
(parte da cavidade nasal inferior à concha nasal inferior).
A glândula lacrimal, amendoada e com cerca de 2 cm de comprimento,
situa-se na fossa da glândula lacrimal
na parte superolateral de cada órbita (Figuras 7.44B,
7.46A e 7.47B). A glândula é dividida em partes superior orbital e
inferior palpebral pela expansão lateral do tendão do músculo levantador da pálpebra superior
(Figura 7.46A). Também podem haver glândulas lacrimais acessórias, às
vezes na parte média da pálpebra ou ao longo dos fórnices superior ou inferior
da conjuntiva. São mais numerosas na pálpebra superior do que na pálpebra
inferior.
A produção de líquido lacrimal é
estimulada por impulsos parassimpáticos do NC VII. É secretado através de 8 a
12 dúctulos excretores que se abrem na parte
lateral do fórnice superior da
conjuntiva do saco conjuntival. O líquido flui inferiormente no saco sob
a influência da gravidade. Quando a córnea seca, o olho pisca. As pálpebras
aproximam-se em sequência lateral a medial, empurrando uma película de líquido
medialmente sobre a córnea, semelhante a limpadores de para-
brisas. Dessa forma, o líquido lacrimal que contém material estranho
como poeira é empurrado em direção ao ângulo medial do olho, acumulando-se no
lago lacrimal, de onde drena por ação capilar através dos pontos lacrimais e
canalículos lacrimais para o saco lacrimal (Figuras 7.46A e B e 7.47B).
A partir desse saco, o líquido segue
para o meato nasal inferior da cavidade nasal através do ducto lacrimonasal. Drena posteriormente através do assoalho da
cavidade nasal para a parte nasal da faringe e é, por fim, engolido. Além de
limpar partículas e irritantes do saco conjuntival, o líquido lacrimal fornece
nutrientes e oxigênio para a córnea.
A inervação da glândula lacrimal é
simpática e parassimpática (Figura 7.48). As fibras secretomotoras parassimpáticas pré-ganglionares são conduzidas do nervo facial pelo
nervo petroso maior e depois
pelo nervo do canal pterigóideo até o
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gânglio pterigopalatino, onde fazem sinapse com o corpo celular da fibra pós-ganglionar. Fibras
simpáticas pós-ganglionares vasoconstritoras, trazidas do gânglio cervical superior pelo plexo carótico
interno e nervo petroso profundo, unem-se às fibras parassimpáticas para
formar o nervo do canal pterigóideo e atravessar o
gânglio pterigopalatino. O nervo zigomático (ramo do
nervo maxilar) leva os dois tipos de fibras até o ramo lacrimal do nervo
oftálmico, através do qual entram na glândula (ver Capítulo 9).
Bulbo do olho
O bulbo do olho contém o
aparelho óptico do sistema visual (Figura 7.45A). Ocupa a maior parte da porção
anterior da órbita, suspenso por seis músculos extrínsecos que controlam seu
movimento e por um aparelho suspensor
da fáscia. Tem diâmetro aproximado de 25 mm. Todas as estruturas anatômicas no
bulbo do olho têm disposição circular ou esférica. O bulbo do olho propriamente dito tem três túnicas; entretanto, há
outra camada de tecido conectivo frouxo que circunda o bulbo do olho,
sustentando-o dentro da órbita. A camada de tecido conectivo é composta
posteriormente pela bainha do bulbo do olho (fáscia bulbar ou cápsula de
Tenon), que forma a verdadeira cavidade para o bulbo
do olho, e anteriormente pela túnica conjuntiva do bulbo. A bainha do bulbo do
olho é a parte mais substancial do aparelho suspensor. Uma lâmina de tecido
conectivo muito frouxo, o espaço episcleral (um
espaço virtual) situa-se entre a bainha do bulbo do olho e a túnica externa do
bulbo do olho, facilitando os movimentos do bulbo do olho na bainha.
As três túnicas do bulbo do olho são (Figura 7.49):
1.
Túnica
fibrosa (camada externa), formada pela esclera
e córnea
2.
Túnica
vascular (camada intermédia), formada pela corioide, corpo ciliar e íris
3.
Túnica
interna (camada interna), formada pela retina,
que tem partes óptica e não visual.
TÚNICA FIBROSA DO BULBO DO OLHO
A túnica fibrosa do bulbo do olho é
o esqueleto fibroso externo, que garante a forma e a resistência. A esclera é
a parte opaca resistente da túnica (camada) fibrosa do bulbo do olho que cobre
os cinco sextos posteriores do bulbo do olho (Figuras 7.49A e 7.50). É o local
de fixação dos músculos extrínsecos (extraoculares) e intrínsecos do bulbo do
olho. A parte anterior da esclera é visível através da túnica conjuntiva do
bulbo transparente como “a parte branca do olho” (Figura 7.46B). A córnea é
a parte transparente da túnica fibrosa que cobre a sexta parte anterior do
bulbo do olho (Figuras 7.49A e 7.50). A convexidade da córnea é maior do que a
da esclera e, portanto, ela parece protrair-se do bulbo do olho quando vista
lateralmente.
Figura 7.48 Inervação da glândula lacrimal.
O nervo facial (NC VII), nervo petroso maior e nervo do canal pterigóideo conduzem fibras parassimpáticas pré-ganglionares até o gânglio pterigopalatino.
Aqui ocorre a sinapse entre fibras pré- ganglionares
e pós-ganglionares. Os nervos maxilar, infraorbital,
zigomático e lacrimal levam as fibras pós-ganglionares até a glândula.
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Figura 7.49 Túnicas do bulbo do olho. As três túnicas são sequenciais. A. Túnica fibrosa externa. B.
Túnica vascular média. C. Túnica interna (retina).
As duas camadas diferem principalmente
em termos da regularidade da organização das fibras colágenas que as compõem e
do grau de hidratação de cada uma. Enquanto a esclera é relativamente
avascular, a córnea é totalmente avascular e nutrida por leitos capilares periféricos
e líquidos existentes sobre suas faces externa e interna (líquido lacrimal e humor aquoso, respectivamente). O
líquido lacrimal também provê oxigênio absorvido do ar.
A córnea é muito sensível ao toque; sua
inervação é realizada pelo nervo oftálmico (NC V1). Mesmo corpos
estranhos muito pequenos (p. ex., partículas de poeira) levam a pessoa a
piscar, ao fluxo de lágrimas e, às vezes, à dor intensa. Sua nutrição provém
dos leitos capilares em sua periferia, o humor
aquoso e o líquido lacrimal.
Este último também fornece oxigênio absorvido do ar. O ressecamento da
superfície da córnea pode causar ulceração.
O limbo da córnea é o ângulo
formado pela interseção das curvaturas da esclera e da córnea na junção corneoescleral. A junção é um círculo translúcido,
cinza, com 1 mm de largura que inclui várias alças capilares que participam da
nutrição da córnea avascular.
TÚNICA VASCULAR DO BULBO DO OLHO
A túnica vascular do bulbo do olho (também
denominada úvea ou trato uveal)
é formada pela corioide, pelo corpo ciliar e pela
íris (Figura 7.49B). A corioide, uma
camada marrom-avermelhada escura situada entre a esclera e a retina, forma a
maior parte da túnica vascular do bulbo do olho e reveste a maior parte da
esclera (Figura 7.50A). Nesse leito vascular pigmentado e denso, os vasos
maiores estão localizados externamente (perto da esclera). Os vasos mais finos
(a lâmina capilar da corioide ou corioideocapilar, um leito capilar extenso) são mais
internos, adjacentes à camada fotossensível avascular da retina, que supre com
oxigênio e nutrientes. Ingurgitada com sangue durante a vida (tem a maior taxa
de perfusão por grama de tecido de todos os leitos vasculares do corpo), essa
camada é responsável pelo reflexo do “olho vermelho” que ocorre na fotografia
com flash. A corioide fixa-se firmemente ao estrato pigmentoso
da retina, mas pode ser arrancada da esclera com facilidade. A corioide é contínua anteriormente com o corpo ciliar.
O corpo ciliar é um espessamento
anular da camada posterior ao limbo da córnea, que é muscular e vascular
(Figuras 7.49B e 7.50). Une a corioide à
circunferência da íris. O corpo ciliar é o local de fixação da lente. A
contração e o relaxamento do músculo liso circular do corpo ciliar controlam a
espessura e, portanto, o foco da lente. Pregas na face interna do corpo ciliar,
os processos ciliares, secretam humor
aquoso. O humor aquoso ocupa o segmento anterior do bulbo do olho, o
interior do bulbo anterior à lente, ligamento suspensor e corpo ciliar (Figura
7.50B).
A íris, que literalmente está
sobre a face anterior da lente, é um diafragma contrátil fino com uma abertura
central, a pupila, para dar passagem à luz (Figuras 7.49B, 7.50 e
7.51A). Quando uma pessoa está acordada, o tamanho da pupila varia
continuamente para controlar a luz que entra no olho (Figura 7.51B). Dois
músculos involuntários controlam o tamanho da pupila: o músculo esfíncter da
pupila circular, estimulado pelo sistema parassimpático, diminui seu
diâmetro (miose pupilar), e o músculo dilatador
da pupila, radial e estimulado pelo sistema simpático, aumenta seu diâmetro
(dilata a pupila). A natureza das respostas pupilares é paradoxal: as respostas
simpáticas geralmente são imediatas, porém a dilatação da pupila em resposta à
baixa iluminação, como em um cinema escuro, pode levar até 20 minutos. As
respostas parassimpáticas costumam ser mais lentas do que as respostas
simpáticas, porém a constrição pupilar estimulada pelo sistema parassimpático
normalmente é imediata. A dilatação pupilar contínua anormal idríase) ocorre em algumas doenças ou em
consequência de traumatismo ou uso de alguns fármacos/drogas.
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Figura 7.50 Bulbo do olho com remoção de um quadrante. A. A face interna da
parte óptica da retina é suprida pela artéria central da retina, enquanto a
face externa, fotossensível, é nutrida pela lâmina capilar da corioide (Figura
7.62). A artéria central atravessa o nervo óptico e divide-se no disco óptico
em ramos superior e inferior. Os ramos da artéria central são artérias
terminais que não se anastomosam entre si nem com qualquer outro vaso. B. Detalhes
estruturais da região ciliar. O corpo ciliar é muscular e vascular, assim como
a íris, e esta inclui dois músculos: esfíncter da pupila e dilatador da pupila.
O sangue venoso dessa região e o humor aquoso na câmara anterior drenam para o
seio venoso da esclera.
TÚNICA INTERNA DO BULBO DO OLHO
A túnica interna do bulbo do olho é a retina (Figuras
7.49C e 7.50). É a camada neural sensitiva do bulbo do olho. Macroscopicamente,
a retina é formada por duas partes funcionais com localizações distintas: uma
parte óptica e uma parte cega. A parte óptica da retina é sensível aos
raios luminosos visuais e tem dois estratos: um estrato nervoso e um estrato
pigmentoso. O estrato nervoso é sensível à luz. O estrato pigmentoso é
formado por uma única camada de células, que reforça a propriedade de absorção
da luz pela corioide para reduzir a dispersão da luz no bulbo do olho. A parte
cega da retina é uma continuação anterior do estrato pigmentoso e uma
camada de células de sustentação. A parte cega da retina estende-se sobre o
corpo ciliar (parte ciliar da retina) e a face posterior da íris (parte
irídica da retina) até a margem
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pupilar.
Clinicamente, a face interna da parte posterior do
bulbo do olho, onde é focalizada a luz que entra no bulbo do olho, é denominada
fundo do bulbo do olho. A retina do fundo inclui uma área circular bem
definida chamada disco do nervo óptico (papila óptica), onde as fibras
sensitivas e os vasos conduzidos pelo nervo óptico (NC II) entram no bulbo do
olho (Figuras 7.49C, 7.50A e 7.52). Como não contém fotorreceptores, o disco do
nervo óptico é insensível à luz. Consequentemente, essa parte da retina costuma
ser chamada de ponto cego.
Imediatamente lateral ao disco do nervo óptico está a mácula
lútea. A cor amarela da mácula só é visível quando a retina é examinada com
luz sem vermelho. A mácula é uma pequena área oval da retina com cones
fotorreceptores especiais especializada para acuidade visual. Não é normalmente
observada com um oftalmoscópio
(um aparelho para ver o interior do bulbo do olho através da pupila). No centro
da mácula há uma depressão, a fóvea central, a área de maior acuidade
visual. A fóvea tem diâmetro aproximado de 1,5 mm; seu centro, a fovéola, não
tem a rede capilar visível em outra parte profundamente à retina.
Figura 7.51 Estrutura
e função da íris. A. Íris dissecada in
situ. A íris separa as câmaras anterior e posterior do segmento anterior
do bulbo do olho, pois adere à pupila. B. Dilatação e constrição da
pupila. Em situação de baixa luminosidade, as fibras simpáticas estimulam a
dilatação da pupila. Em situação de alta luminosidade, as fibras
parassimpáticas estimulam a constrição da pupila
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Figura 7.52 Fundo do bulbo do olho direito. Vênulas (mais largas)
e arteríolas (mais estreitas) da retina irradiam-se do centro do disco óptico
oval. A área escura lateral ao disco é a mácula. Ramos dos vasos retinianos
estendem-se em direção a essa área, mas não alcançam seu centro, a fóvea
central — a área de maior acuidade visual.
A parte óptica funcional da retina termina
anteriormente ao longo da ora serrata, a margem posterior irregular do
corpo ciliar (Figuras 7.49C e 7.50A). Com exceção dos cones e bastonetes do
estrato nervoso, a retina é suprida pela artéria central da retina, um
ramo da artéria oftálmica. Os cones e bastonetes do estrato nervoso externo
recebem nutrientes da lâmina capilar
da corioide (discutida em “Vasculatura da órbita”, adiante). Tem os
vasos mais finos da face interna da corioide, contra os quais a retina é
comprimida. Um sistema correspondente de veias retinianas une-se para formar a veia
central da retina.
MEIOS DE REFRAÇÃO E COMPARTIMENTOS DO BULBO DO OLHO
No seu trajeto até a retina, as ondas luminosas atravessam os
meios refrativos do bulbo do olho: córnea, humor aquoso, lente e humor vítreo
(Figura 7.50A). A córnea é o
meio refrativo primário do bulbo do olho — isto é, desvia a luz no máximo grau,
focalizando uma imagem invertida sobre a retina fotossensível do fundo do bulbo do olho.
O humor aquoso ocupa o segmento anterior do bulbo do olho (Figuras 7.50B e 7.51A). O
segmento anterior é subdividido pela íris e pupila. A câmara anterior do
bulbo do olho é o espaço entre a córnea anteriormente e a íris/pupila
posteriormente. A câmara posterior do bulbo do olho está situada entre a
íris/pupila anteriormente e a lente e o corpo ciliar posteriormente. O humor
aquoso é produzido na câmara posterior pelos processos ciliares do corpo ciliar. Essa solução aquosa
transparente fornece nutrientes para a córnea avascular e a lente. Após
atravessar a pupila e chegar à câmara anterior, o humor aquoso drena através de
uma rede trabecular no ângulo iridocorneal para o seio venoso da
esclera (canal de Schlemm) (Figura 7.51A). O humor é retirado pelo plexo
do limbo, uma rede de veias esclerais próximas do limbo, que drenam para
tributárias das veias vorticosas
e ciliares anteriores (Figura
7.50B). A pressão intraocular (PIO) é um equilíbrio entre a produção e a
drenagem de humor aquoso.
A lente situa-se posteriormente à iris e
anteriormente ao humor vítreo do corpo
vítreo (Figuras 7.50 e 7.51A). É uma estrutura biconvexa e transparente
encerrada em uma cápsula. A cápsula da lente, extremamente elástica, é
fixada pelas fibras zonulares (que juntas formam o ligamento
suspensor da lente) aos processos ciliares circundantes. Embora a maior
parte da refração seja produzida pela córnea, a convexidade da lente, sobretudo
de sua face anterior, varia constantemente para a focalização fina de objetos
próximos ou distantes na retina (Figura 7.53). A lente não fixada isolada
torna-se quase esférica. Em outras palavras, na ausência de fixação externa e
distensão, torna-se quase redonda. O músculo ciliar do corpo ciliar
modifica o formato da lente. Na ausência de estimulação nervosa, o diâmetro do
anel muscular relaxado é maior. A lente suspensa no anel está sob tensão, pois
sua periferia é distendida, tornando-a mais fina (menos convexa). A lente menos
convexa coloca objetos mais distantes em foco (visão para longe). A estimulação
parassimpática através do nervo oculomotor (NC III) causa contração do músculo
ciliar, semelhante a um esfíncter. O anel torna-se menor e a tensão sobre a
lente diminui. A lente relaxada torna-se mais espessa (mais convexa),
focalizando objetos próximos (visão para perto). O processo ativo de
modificação do formato da lente para visão de perto é chamado de acomodação.
A espessura da lente aumenta com a idade, de modo que a capacidade de
acomodação costuma ser limitada depois dos 40 anos de idade.
P. 1075
Figura 7.53 Mudança do formato da lente (acomodação). A. Visão de longe. B. Visão
de perto.
O humor vítreo é um líquido aquoso contido nas
telas do corpo vítreo, uma substância gelatinosa transparente nos quatro
quintos posteriores do bulbo do olho, posterior à lente (segmento posterior
do bulbo do olho, também chamado de câmara
postrema ou vítrea)
(Figura 7.50A). Além de dar passagem à luz, o humor vítreo mantém a retina no
lugar e sustenta a lente.
Músculos extrínsecos do bulbo do olho
Os músculos extrínsecos do bulbo do olho são o levantador da pálpebra superior,
quatro retos (superior, inferior,
medial e lateral) e dois
oblíquos (superior e inferior). Esses músculos atuam
juntos para movimentar as pálpebras superiores e os bulbos dos olhos. Eles são
ilustrados nas (Figuras 7.54 a 7.58, e as fixações, a inervação e as principais
ações dos músculos da órbita, começando a partir da posição primária, são
descritas no Quadro 7.8. As seções a seguir apresentam outros detalhes.
LEVANTADOR DA PÁLPEBRA SUPERIOR
O músculo levantador da pálpebra superior expande-se e
forma uma aponeurose bilaminar larga à medida que se aproxima de suas fixações
distais. A lâmina superficial se fixa à pele da pálpebra superior e a lâmina
profunda, ao tarso superior (Figura 7.54B). Esse músculo sofre a oposição da
gravidade na maior parte do tempo e é o antagonista da metade superior do
músculo orbicular do olho, o esfíncter da rima das pálpebras. A lâmina profunda
da parte distal (palpebral) do músculo contém fibras musculares lisas, o músculo
tarsal superior, responsável pelo alargamento adicional da rima das
pálpebras, sobretudo durante uma resposta simpática (p. ex., medo). No entanto,
elas parecem funcionar continuamente (na ausência de resposta simpática) porque
uma interrupção dos estímulos simpáticos provoca ptose — queda da pálpebra superior — permanente.
MOVIMENTOS DO BULBO DO
OLHO
Os movimentos do bulbo do olho são rotações em torno de três eixos — vertical, transversal e anteroposterior (Figura 7.54A) — e
são descritos de acordo com a direção do movimento da pupila a partir da
posição primária ou do polo superior do bulbo do olho a partir da posição
neutra. A rotação do bulbo do olho em torno do eixo vertical move a pupila em
sentido medial (em direção à linha mediana, adução) ou lateral (em
direção oposta à linha mediana, abdução). A rotação em torno do eixo
transversal move a pupila em sentido superior (elevação) ou inferior (abaixamento).
Os movimentos em torno do eixo anteroposterior (AP) (correspondente ao eixo
do olhar na posição primária) movem o polo superior do bulbo do olho em sentido
medial (rotação medial ou torção interna) ou lateral (rotação lateral
ou torção externa). Esses movimentos de rotação acomodam alterações na
inclinação da cabeça. A ausência desses movimentos em razão de lesões nervosas
contribui para a visão dupla. Os movimentos podem ocorrer ao redor dos três
eixos simultaneamente, o que exige o uso de três termos
P. 1076
para descrever a direção do movimento a partir da posição
primária (p. ex., a pupila está elevada, aduzida e rodada medialmente).
MÚSCULOS RETOS E OBLÍQUOS
Os quatro músculos retos seguem em sentido anterior
até o bulbo do olho e originam-se de uma bainha fibrosa, o anel tendíneo
comum, que circunda o canal óptico e parte da fissura orbital superior
(Figuras 7.54B e C e 7.55A). As estruturas que entram na órbita através desse
canal e a parte adjacente da fissura situam-se inicialmente no cone dos retos
(Figuras 7.54B e C e 7.55B). Os quatro músculos retos são nomeados de acordo
com suas posições individuais em relação ao bulbo do olho. Como eles seguem
principalmente em sentido anterior para se fixarem às faces superior, inferior,
medial e lateral do bulbo do olho, anteriormente ao seu equador, as ações
primárias dos quatro retos na produção de elevação, abaixamento, adução e
abdução são relativamente intuitivas.
Diversos fatores dificultam a compreensão das ações dos
músculos oblíquos e das ações secundárias dos músculos retos superiores e
inferiores. O ápice da órbita ocupa
posição medial em relação à órbita, de modo que o eixo da órbita não coincide com o eixo óptico (Figuras 7.44A e 7.54C). Portanto, quando o olho está em posição primária,
os músculos reto superior (RS) e reto inferior (RI) também chegam ao bulbo do olho
pela face medial e sua linha de tração passa medialmente ao eixo vertical. Isso
confere aos dois músculos uma ação secundária de adução. Os músculos RS e RI também estendem-se lateralmente,
passando superiormente e inferiormente ao eixo AP, respectivamente, o que
proporciona ao músculo RS uma ação secundária de rotação medial, e ao músculo RI uma ação secundária de rotação lateral.
Se o olhar for primeiro
direcionado lateralmente (abduzido pelos músculos retos laterais [RL]), de modo que a
linha do olhar coincida com o plano dos músculos RI e RS, o músculo RS produz apenas elevação
(e é o único responsável pelo movimento) (Figura 7.56A), e o RI produz apenas abaixamento (e
também é o único responsável) (Figura 7.56B). Durante o exame físico, o médico
orienta o paciente a acompanhar o movimento lateral de seu dedo (testando o
músculo RL e o nervo abducente [NC VI]), depois os movimentos superior e
inferior para isolar e testar a função dos músculos RS e RI e a integridade do
nervo oculomotor (NC III), que supre ambos (Figura 7.56E).
O músculo oblíquo inferior (OI) é o único a se originar
da parte anterior da órbita (imediatamente lateral à fossa lacrimal) (Figura
7.47B). O músculo oblíquo superior (OS) origina-se da região do ápice, como os
músculos retos (mas superomedialmente ao anel tendíneo comum) (Figura 7.55A);
entretanto, o tendão atravessa a tróclea
logo no interior da margem orbital superomedial, redirecionando a linha de
tração (Figuras 7.54B e C e 7.55B). Assim, os tendões de inserção dos músculos
oblíquos estão no mesmo plano vertical oblíquo. A vista anterior (Figura 7.47B)
ou superior (Figura 7.54C) dos tendões de inserção com o bulbo do olho na
posição primária permite ver que os tendões dos músculos oblíquos seguem
principalmente em sentido lateral para se inserirem na metade lateral do bulbo
do olho, posteriormente ao seu equador. Como eles seguem em posição inferior e
superior ao eixo AP em sentido lateral, o OI é o principal rotador lateral e o
músculo OS é o principal rotador medial do bulbo do olho. Entretanto, na
posição primária os músculos oblíquos também seguem em sentido posterior
através do eixo transversal (Figura 7.54B) e posteriormente ao eixo vertical
(Figura 7.54C), conferindo ao músculo OS a função secundária de depressor, ao músculo
OI a função secundária de elevador, e aos dois músculos a função secundária de
abdutores (Figura 7.54B e
C).
P. 1077
P. 1078
Figura 7.54 Músculos extrínsecos do bulbo do olho e seus
movimentos. A. Eixos de movimento do bulbo do olho. B. Posição dos
músculos na órbita direita. Setas
= movimentos do bulbo do olho em torno do eixo transversal.C. Posição
dos músculos nas órbitas direita e esquerda. Setas à esquerda = movimentos do bulbo do olho em torno do eixo
AP; setas à direita =
movimentos do bulbo do olho em torno do eixo vertical. Para compreender as
ações musculares a partir da posição primária, é necessário observar a posição
e a linha de tração do músculo em relação aos eixos dos movimentos. D. Demonstração
uni e bilateral de ações dos músculos extrínsecos do bulbo do olho a partir da
posição primária. Nos movimentos em uma das seis direções principais (setas grandes), o músculo indicado é
o agonista primário. Os movimentos nas direções entre as grandes setas exigem
ações sinérgicas dos músculos adjacentes. Por exemplo, a elevação direta exige
as ações sinérgicas dos músculos OI e RS; a depressão direta exige ação
sinérgica dos músculos OS e RI. Setas
pequenas = músculos que produzem movimentos giratórios em torno do eixo
AP. Para direcionar o olhar é necessária a ação coordenada dos músculos
conjugados contralaterais. Por exemplo, ao dirigir o olhar para a direita, os
músculos RL direito e RM esquerdo atuam como músculos conjugados.
Músculo Levantador da pálpebra superior |
Origem Asa menor do esfenoide, superior
e anterior ao canal óptico |
Inserção Tarso superior e pele da pálpebra
superior Seu tendão atravessa |
Inervação N. oculomotor
(NC III); a camada profunda (M. tarsal superior) é
suprida por fibras simpáticas |
Principal ação[nota
14] Eleva a pálpebra superior |
P. 1079
Oblíquo superior (OS) Oblíquo inferior (OI) Reto superior (RS) Reto inferior (RI) Reto medial (RM) Reto lateral (RL) |
Corpo do esfenoide Parte anterior do assoalho da
órbita Anel tendíneo
comum |
um anel fibroso ou tróclea, muda sua
direção e se insere na esclera profundamente ao M. reto superior Esclera profundamente ao M. reto lateral Esclera imediatamente posterior
ao limbo da córnea |
N. troclear (NC IV) N. oculomotor
(NC III) N. abducente (NC
VI) |
Abduz, abaixa e gira medialmente
o bulbo do olho Abduz, eleva e gira lateralmente
o bulbo do olho Eleva, aduz e gira medialmente o
bulbo do olho Abaixa, aduz e gira lateralmente
o bulbo do olho Aduz o bulbo do olho Abduz o bulbo do olho |
Figura 7.55 Relação no ápice da órbita. A. O anel tendíneo comum
é formado pela origem dos quatro músculos retos e circunda a bainha óptica do
NC II, as divisões superior e inferior do NC III, o nervo nasociliar (NC V1)
e o NC VI. Os nervos que suprem os músculos extrínsecos do bulbo do olho entram
na órbita através da fissura orbital superior: oculomotor (NC III), troclear
(NC IV) e abducente (NC VI). B. Estruturas (menos a fáscia membranácea e
a gordura) após enucleação (excisão) do bulbo do olho.
P. 1080
Figura 7.56 Exame clínico dos músculos extrínsecos do bulbo
do olho. A e B. Quando o olho é abduzido pelo músculo RM, só os músculos
retos podem produzir elevação e abaixamento. C e D. Quando o
olho é aduzido pelo músculo RL, só os músculos oblíquos podem produzir elevação
e abaixamento. E. Acompanhando
os movimentos do dedo do examinador, a pupila se move traçando um “H” para
isolar e testar cada músculo extrínseco do bulbo do olho e avaliar a
integridade de seus nervos.
Se o olhar for primeiramente
direcionado medialmente (aduzido pelo músculo reto medial [RM]), de modo que a linha
do olhar coincida com o plano dos tendões de inserção dos músculos OS e OI, o músculo OS faz apenas o movimento de
abaixamento (e é o único responsável pelo movimento) (Figura 7.56C), e o
músculo OI causa apenas elevação
(e também é o único responsável) (Figura 7.56D). Durante o exame físico, o
médico orienta o paciente a acompanhar o movimento medial de seu dedo (testando
o músculo RM e o nervo oculomotor), depois os movimentos inferior e superior
para isolar e testar as funções dos músculos OS e OI e a integridade do nervo
troclear (NC IV), que supre o músculo OS e a divisão inferior do NC III, que supre
o músculo OI (Figura 7.56E). Na prática:
•
A principal ação do músculo oblíquo superior é o abaixamento
da pupila na posição aduzida (p. ex., direcionamento do olhar para o pé da
página quando os dois olhos estão voltados medialmente [convergentes] para a leitura)
•
A principal ação do músculo oblíquo inferior é a elevação da
pupila na posição aduzida (p. ex., direcionamento do olhar para o topo da
página durante a convergência para
a leitura).
Embora as ações produzidas pelos músculos extrínsecos
do bulbo do olho tenham sido analisadas individualmente, todos os movimentos
exigem a ação de diversos músculos no mesmo olho, que se auxiliam, como
sinergistas, ou se opõem, como antagonistas. Músculos que são sinérgicos para
uma ação podem ser antagonistas para outra. Por exemplo, nenhum músculo isolado
pode elevar a pupila diretamente a partir da posição primária (Figura 7.54D).
Os dois elevadores (músculos RS e OI) atuam de modo sinérgico para fazer isso.
No entanto, esses músculos são antagonistas como rotadores e neutralizam-se
mutuamente, de modo que não há rotação quando eles atuam juntos para elevar a
pupila. Do mesmo modo, nenhum músculo isolado pode abaixar a pupila diretamente
a partir da posição primária. Agindo sozinhos, os dois abaixadores, músculos OS
e RI, produzem abaixamento e também têm ações opostas em termos de
adução-abdução e rotação medial-lateral. Mas, quando (NC III); troclear
(NC IV) e abducente (NC VI) (Figuras 7.55 e 7.57). Há um
P. 1081
há ação simultânea dos músculos OS e RI, seu sinergismo
abaixa a pupila, porque as ações antagonistas neutralizam-se; portanto, há
apenas abaixamento.
Para direcionar o olhar, a coordenação de ambos os olhos deve
ser realizada pela ação combinada de músculos conjugados contralaterais.
Por exemplo, ao dirigir o olhar para a direita, os músculos reto lateral
direito e reto medial esquerdo atuam como músculos conjugados (Figura 7.59).
APARELHO DE SUSTENTAÇÃO DO BULBO DO OLHO
A bainha do bulbo
envolve o bulbo do olho, estende-se posteriormente desde os fórnices da
conjuntiva até o nervo óptico e forma a cavidade para o bulbo do olho (Figura
7.45A). A bainha caliciforme é perfurada pelos tendões dos músculos extrínsecos
do bulbo do olho e é refletida sobre cada um deles como uma fáscia muscular tubular. As fáscias
dos músculos levantador e reto superior são fundidas; assim, quando o olhar é
voltado para cima, a pálpebra superior é elevada ainda mais para ficar fora da
linha de visão. As expansões triangulares das fáscias dos músculos retos medial
e lateral, denominadas ligamentos controladores medial e lateral, estão
fixadas ao lacrimal e ao zigomático, respectivamente. Esses ligamentos limitam
a abdução e a adução. A fusão entre os ligamentos controladores e a fáscia dos
músculos reto inferior e oblíquo inferior forma uma alça semelhante a uma rede,
o ligamento suspensor do bulbo do olho. Um ligamento controlador
inferior semelhante da fáscia do músculo reto inferior retrai a pálpebra
inferior quando o olhar é voltado para baixo (Figura 7.45A). Juntos, os ligamentos
controladores atuam com os músculos oblíquos e a gordura retrobulbar para
resistir à tração posterior do bulbo do olho pelos músculos retos. Nas doenças
ou na inanição, que reduzem a gordura retrobulbar, o bulbo do olho é retraído
para o interior da órbita (enoftalmia).
Nervos da órbita
Os grandes nervos ópticos conduzem nervos puramente
sensitivos, que transmitem impulsos gerados por estímulos ópticos (Figuras
7.45A e 7.50A). Eles são nervos cranianos (NC II) por convenção, mas
desenvolvem-se como extensões anteriores pares do prosencéfalo e são, na
verdade, tratos de fibras do sistema nervoso central (SNC) formados por
neurônios de segunda ordem. Os nervos ópticos começam na lâmina cribriforme
da esclera, onde as fibras nervosas amielínicas perfuram a esclera e
tornam-se mielínicas, posteriormente ao disco
óptico. Eles saem das órbitas através dos canais ópticos. Em todo o
trajeto na órbita, os nervos ópticos são circundados por extensões das meninges cranianas e pelo espaço subaracnóideo, sendo este
último ocupado por uma fina camada de LCS
(Figura 7.45A, detalhe). As
extensões intraorbitais da dura-máter e aracnoide-máter cranianas constituem a bainha
do nervo óptico, que se torna contínua anteriormente com a bainha do bulbo
e a esclera. Uma lâmina de pia-máter cobre a superfície do nervo óptico dentro
da bainha.
Figura 7.57 Nervos da órbita. Três nervos cranianos
(NC III, IV e VI) suprem os sete músculos extrínsecos do bulbo do olho
voluntários. O NC IV supre o músculo oblíquo superior; o NC VI, o músculo reto
lateral; e o NC III, os outros cinco músculos. O NC III também leva fibras
parassimpáticas pré-ganglionares para o gânglio ciliar. O nervo trigêmeo (NC V)
envia fibras sensitivas para a órbita, a região orbital e o bulbo do olho.
Além do nervo óptico
(NC II), os nervos da órbita incluem aqueles que atravessam a fissura orbital superior e suprem
os músculos oculares: nervos oculomotor
P. 1082
mnemônico, semelhante a uma fórmula química, usado para memorizar a inervação dos
músculos extrínsecos que movimentam o bulbo do olho: RL6OS4TO3
(reto lateral, NC VI; oblíquo superior, NC IV; todos
os outros, NC III). Os nervos troclear e abducente seguem
diretamente até o único músculo suprido por cada nervo. O nervo oculomotor forma as divisões superior e inferior. A divisão
superior inerva os músculos reto superior e levantador da pálpebra superior. A
divisão inferior inerva os músculos retos medial e inferior e o músculo oblíquo
inferior, além de conduzir fibras parassimpáticas pré-
ganglionares até o gânglio ciliar (Figura 7.58). Os movimentos são estimulados
pelos nervos oculomotor, troclear e abducente, a
partir da posição primária nas órbitas direita e esquerda, produzindo a visão
binocular mostrada na Figura 7.59.
Os três ramos terminais do nervo oftálmico, NC V1 (os
nervos frontal, nasociliar e lacrimal), atravessam a
fissura orbital superior e suprem estruturas relacionadas com a parte anterior
da órbita (p. ex., glândula lacrimal e pálpebras), face e couro cabeludo
(Figura 7.60). Os ramos cutâneos do NC V1 (nervos lacrimal, frontal
e infratroclear) são descritos em “Nervos cutâneos da
face e do couro cabeludo” (anteriormente) e no Quadro 7.5.
O gânglio ciliar é um pequeno
grupo de corpos de células nervosas parassimpáticas pós-ganglionares associadas
ao NC V1. Está localizado entre o nervo óptico e o músculo reto
lateral em direção ao limite posterior da órbita. O gânglio recebe fibras
nervosas de três origens (Figura 7.58):
•
Fibras sensitivas do NC V1 pela raiz sensitiva ou nasociliar do gânglio ciliar
•
Fibras parassimpáticas pré-ganglionares do NC
III pela raiz parassimpática ou oculomotora
do gânglio ciliar
•
Fibras simpáticas pós-ganglionares do plexo carótico interno pela raiz
simpática do gânglio ciliar.
Os nervos ciliares curtos originam-se
do gânglio ciliar e são considerados ramos do NC V1 (Figuras 7.58 e
7.60). Conduzem fibras parassimpáticas e simpáticas para o corpo ciliar e para
a íris. Os nervos ciliares curtos consistem em fibras parassimpáticas
pós-ganglionares originadas no gânglio ciliar, fibras aferentes do nervo nasociliar que atravessam o gânglio, e fibras simpáticas
pós-ganglionares que também o atravessam. Os nervos ciliares longos, ramos
do nervo nasociliar (NC V1) que seguem até
o bulbo do olho, desviando-se do gânglio ciliar, conduzem fibras simpáticas
pós-ganglionares para o músculo dilatador da pupila e fibras aferentes da íris
e da córnea.
Figura 7.58 Distribuição das fibras
nervosas para o gânglio ciliar e o bulbo do olho. O gânglio ciliar recebe três tipos de fibras nervosas de três
origens diferentes. Toda a inervação parassimpática, mas só parte da inervação
sensitiva e simpática do bulbo do olho, atravessa o gânglio. As fibras
simpáticas e sensitivas no nervo ciliar longo passam ao largo do gânglio.
P. 1083
Figura 7.59 Movimentos binoculares e músculos responsáveis. Todos
os movimentos iniciam-se a partir da posição primária.
Figura 7.60 Dissecção da órbita. Nesse acesso superior, foi removida a parte orbital do frontal. No
lado direito, podem-se ver três nervos no teto da órbita (troclear, frontal e
lacrimal). No lado esquerdo, os músculos levantador da pálpebra superior e reto
superior foram seccionados e rebatidos, o corpo adiposo da órbita foi removido
para mostrar os nervos que atravessam a gordura intraconal.
P. 1084
ARTÉRIAS DA ÓRBITA
A vascularização da órbita provém
principalmente da artéria oftálmica, um ramo da artéria carótida interna
(Figura 7.61; Quadro 7.9); a artéria infraorbital,
ramo da artéria carótida externa, também leva sangue para estruturas
relacionadas com o assoalho da órbita. A artéria central da retina, um
ramo da artéria oftálmica que se origina inferiormente ao nervo óptico, perfura
a bainha do nervo óptico e segue dentro do nervo até o bulbo do olho, emergindo
no disco óptico (Figura 7.45A, detalhe).
Seus ramos distribuem-se sobre a face interna da retina (Figura 7.52 e 7.62).
Os ramos terminais são artérias
terminais (arteríolas), únicas responsáveis pela vascularização da face
interna da retina.
Figura 7.61 Artérias da órbita.
Quadro 7.9 Artérias da órbita.
Artéria(s) Oftálmica Central da retina Supraorbital Supratroclear Lacrimal Dorsal do nariz Ciliares posteriores curtas Ciliares posteriores longas Etmoidal posterior |
Origem A. carótida interna A. oftálmica |
Trajeto e distribuição Atravessa o forame óptico para
chegar à cavidade da órbita Perfura a bainha dural do nervo óptico e
segue até o bulbo do olho; ramifica-se a partir do centro do disco óptico;
supre a retina óptica (exceto cones e bastonetes) Segue em sentido superior e
posterior a partir do forame supraorbital para
suprir a fronte e o couro cabeludo Segue da margem supraorbital até a fronte e o couro cabeludo Segue ao longo da margem superior do M. reto lateral para suprir a
glândula lacrimal, a conjuntiva e as pálpebras Segue ao longo da face dorsal do nariz e vasculariza sua superfície Perfuram a esclera na periferia
do nervo óptico para suprir a corioide que, por sua
vez, supre cones e bastonetes da retina óptica Perfuram a esclera para suprir o
corpo ciliar e a íris Atravessa o forame etmoidal
posterior até as células etmoidais posteriores |
P. 1085
Etmoidal anterior Ciliar anterior Infraorbital |
Ramos musculares (reto) da A.
oftálmica Terceira parte da A. maxilar |
Atravessa o forame etmoidal
anterior até a fossa anterior do crânio; supre as células etmoidais anterior
e média, o seio frontal, a cavidade nasal e a pele no dorso do nariz Perfura a esclera nas fixações
dos músculos retos e forma a rede na íris e no corpo ciliar Segue ao longo do sulco e do
forame infraorbital até a face |
A face externa da
retina também é suprida pela lâmina
capilar da corioide (corioideocapilar).
Das cerca de oito artérias ciliares
posteriores (também ramos da artéria oftálmica), seis artérias
ciliares posteriores curtas suprem diretamente a corioide,
que nutre a lâmina avascular externa da retina. Duas artérias ciliares
posteriores longas, uma de cada lado do bulbo do olho, seguem entre a
esclera e a corioide para se anastomosarem
com as artérias ciliares anteriores (continuações dos ramos
musculares da artéria oftálmica para os músculos retos) e suprir o plexo
ciliar.
VEIAS DA ÓRBITA
A drenagem venosa da órbita se faz
através das veias oftálmicas superior e inferior, que atravessam
a fissura orbital superior e entram no seio cavernoso (Figura 7.63). Em geral,
a veia central da retina (Figura 7.62) entra diretamente no seio
cavernoso, mas pode se unir a uma das veias oftálmicas. O vórtice, ou veias vorticosas, da túnica vascular do bulbo do olho drena
para a veia oftálmica inferior. O seio venoso da esclera é uma estrutura
vascular que circunda a câmara anterior do bulbo do olho e através da qual o
humor aquoso retorna à circulação sanguínea.
Anatomia de superfície do olho e do
aparelho lacrimal
Veja uma descrição da anatomia de
superfície das pálpebras sob o título “Anatomia de superfície da face”
(anteriormente). A parte anterior da esclera
é coberta pela túnica conjuntiva do
bulbo transparente, que contém vasos sanguíneos conjuntivais muito
pequenos, mas visíveis (Figura 7.64B). Quando irritados, os vasos podem
aumentar bastante, e a túnica conjuntiva do bulbo pode assumir uma aparência
bem rosada quando inflamada. Muitas vezes, a esclera opaca e resistente normal
parece um pouco azulada em lactentes e crianças, e a tonalidade amarela é comum
em muitas pessoas idosas.
A parte
transparente anterior do olho é a córnea,
que é contínua com a esclera em suas margens. Em uma vista lateral (Figura
7.64A), a maior parte da região visível do bulbo do olho protrai-se
ligeiramente através da rima das
pálpebras. É visível que a córnea tem uma curvatura (convexidade) maior
do que o restante do bulbo do olho (a parte coberta por esclera); assim, há um
ângulo raso no limbo da córnea,
ou junção esclerocorneal
(Figura 7.64B). A proeminência da córnea também
torna visíveis os movimentos do bulbo do olho quando as pálpebras estão
fechadas.
P. 1086
Figura 7.62 Corte horizontal
parcial do bulbo do olho direito. A artéria que
supre a parte interna da retina (artéria central da retina) e a corioide, que, por sua vez, nutre a camada avascular da
retina, são mostradas. A corioide é organizada de
modo que os vasos que a suprem e os vasos corióideos
maiores são externos, e os vasos menores (a lâmina capilar) são mais internos,
adjacentes à camada avascular da retina. A veia vorticosa
(uma entre quatro a cinco) drena sangue venoso da corioide
para as veias ciliar posterior e oftálmica. O seio venoso da esclera reconduz o
humor aquoso, secretado na câmara anterior pelos processos ciliares, para a
circulação venosa.
Figura 7.63 Veias oftálmicas. A veia oftálmica superior drena para o seio cavernoso, e a veia
oftálmica inferior drena para o plexo venoso pterigóideo.
Elas se comunicam com as veias facial e supraorbital
anteriormente e entre si posteriormente. A veia oftálmica superior acompanha a
artéria oftálmica e seus ramos.
P. 1087
Figura 7.64 Anatomia de superfície
do olho (A) e aparelho lacrimal (B).
A abertura
circular escura através da qual a luz entra no bulbo do olho, a pupila, é circundada pela íris, um diafragma circular
pigmentado. Os tamanhos relativos da pupila e da íris variam com a intensidade
da luz que entra; entretanto, os tamanhos das pupilas e íris contralaterais
devem ser uniformes.
Normalmente,
quando os olhos estão abertos e o olhar está voltado para diante, a parte
superior da córnea e da íris é coberta pela margem da pálpebra superior, e a parte inferior da córnea e íris é
completamente exposta acima da pálpebra
inferior, geralmente expondo margem estreita de esclera. Até mesmo
pequenas variações na posição dos bulbos dos olhos são notáveis, causando uma
mudança da expressão facial para um olhar surpreso quando a pálpebra superior
está elevada (como ocorre na exoftalmia,
ou protrusão dos bulbos dos olhos, causada por hipertireoidismo), ou uma
aparência sonolenta (como ocorre quando há queda da pálpebra superior, ptose, em razão da ausência de
inervação simpática na síndrome de Horner).
A túnica conjuntiva do bulbo é
refletida da esclera sobre a face profunda da pálpebra. A túnica conjuntiva da pálpebra normalmente
é vermelha e vascularizada e, com a experiência, seu exame pode permitir
avaliar os níveis de hemoglobina. É examinada com frequência em casos de
suspeita de anemia, um
distúrbio do sangue que costuma se manifestar por palidez das mucosas. A eversão da pálpebra superior permite avaliar o tamanho e a
extensão do tarso superior nela
contido, e muitas vezes é possível distinguir as glândulas tarsais através da túnica
conjuntiva da pálpebra como estrias verticais levemente amarelas. Ao exame
cuidadoso, podem ser vistas as aberturas dessas glândulas (cerca de 20 por
pálpebra) nas margens das pálpebras, posteriormente às duas ou três fileiras de
cílios. Como a túnica conjuntiva do bulbo é contínua com o epitélio anterior da
córnea e a túnica conjuntiva da pálpebra, forma o saco conjuntival. A rima das pálpebras é a abertura anterior do
saco conjuntival.
No ângulo medial do olho, pode-se ver um
reservatório superficial avermelhado de lágrimas, o lago lacrimal. No lago está a carúncula lacrimal, uma pequena elevação de pele modificada
úmida. Lateralmente à carúncula está a prega
conjuntival semilunar, que se superpõe ligeiramente ao bulbo do olho. A
prega semilunar é um rudimento da membrana nictitante de aves e répteis. Quando
as margens das pálpebras são evertidas, pode-se ver uma pequena depressão, o ponto
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lacrimal, em sua extremidade medial no pico de uma pequena elevação, a
papila lacrimal.
REGIÃO ORBITAL, ÓRBITA E BULBO DO OLHO
Fraturas da órbita
A margem orbital é forte para proteger
o conteúdo da órbita. Entretanto, quando os golpes são fortes o bastante e há
impacto direto na margem óssea, as fraturas resultantes geralmente ocorrem nas
três suturas entre os ossos que formam a margem orbital. Em face da pequena
espessura das paredes medial e inferior da órbita, um golpe no olho pode causar
fratura das paredes orbitais enquanto a margem permanece intacta (Figura
B7.23). A lesão traumática indireta que desloca as paredes orbitais é
denominada fratura “em explosão” As fraturas da parede medial podem acometer os
seios etmoidal e esfenoidal, enquanto as fraturas da parede inferior (assoalho
da órbita) podem acometer o seio maxilar.
Figura B7.23
Embora a parede
superior seja mais forte do que as paredes medial e inferior, é fina o
suficiente para ser translúcida e pode ser facilmente perfurada. Assim, um
objeto cortante pode atravessá-la e penetrar no lobo frontal do encéfalo.
Muitas vezes as fraturas da órbita resultam em
hemorragia intraorbital, que exerce pressão sobre o
bulbo do olho, causando exoftalmia (protrusão do
bulbo do olho). Qualquer traumatismo do olho pode afetar estruturas adjacentes
— por exemplo, sangramento para o seio maxilar, deslocamento dos dentes
maxilares e fratura dos ossos nasais resultando em hemorragia, obstrução das
vias respiratórias e infecção que poderia se disseminar para o seio cavernoso
através da veia oftálmica.
Tumores
da órbita
Em face da
proximidade entre o nervo óptico e o seio esfenoidal e as células etmoidais
posteriores, um tumor maligno nesses seios pode causar erosão das finas paredes
ósseas da órbita e comprimir o nervo óptico e o conteúdo da órbita. Os tumores
na órbita provocam exoftalmia. A via mais fácil de
entrada de um tumor da fossa média do crânio na cavidade orbital é através da
fissura orbital superior; tumores na fossa temporal ou infratemporal
têm acesso a essa cavidade através da fissura orbital inferior. Embora a parede
lateral da órbita seja quase tão longa quanto a parede medial porque se estende
em sentido lateral e anterior, não chega a uma posição tão anterior quanto a
parede medial, que ocupa praticamente um plano sagital (Figura 7.44A). Quase
2,5 cm do bulbo do olho ficam expostos quando a pupila é voltada medialmente ao
máximo possível. É por isso que a parede lateral garante um bom acesso para
cirurgias do bulbo do olho.
Lesão dos nervos que suprem as
pálpebras
Como o nervo oculomotor supre o músculo levantador da pálpebra superior,
sua lesão causa paralisia desse músculo e queda da pálpebra superior (ptose). A
lesão do nervo facial causa paralisia do músculo orbicular do olho, impedindo o
fechamento completo das pálpebras. Também há perda do reflexo normal de piscar
rápido que protege o olho.
A perda de tônus
do músculo na pálpebra inferior causa queda (eversão)
da pálpebra em relação à superfície do bulbo do olho, levando ao ressecamento
da córnea. Isso deixa o bulbo do olho desprotegido contra a poeira e pequenas
partículas. Assim, a irritação do bulbo do olho desprotegido resulta em
lacrimejamento excessivo, porém ineficiente (formação de lágrimas). Também há
acúmulo de líquido lacrimal em excesso quando o aparelho de drenagem lacrimal é
obstruído, impedindo, assim, que o líquido chegue à parte inferior do bulbo do
olho. Em geral, as pessoas esfregam os olhos constantemente para secar as
lágrimas, o que agrava a irritação.
Páginas de notas de rodapé
Nota a, página 14: As ações
descritas referem-se à ação individual dos músculos, a partir da posição
primária (olhar voltado para a frente). Na verdade, os músculos raramente têm
ação independente e quase sempre atuam juntos em grupos sinérgicos e
antagonistas. A avaliação clínica exige manobras para isolar as ações
musculares. Somente as ações dos músculos retos medial e lateral são avaliadas,
a partir da posição primária (Figura 7.56E).